sexta-feira, 20 de maio de 2011

    Nós só vemos aquilo que queremos ver. Limitamos nossa percepção e focamos aquilo que nos interessa: o fator humano do olhar condicionado.  O humano é condicionado por fatores emocionais, culturais, críticos que moldará a sua visão, ou melhor, a sua interpretação do que está vendo. 
    Falo por mim que amo os mais variados contornos arquitetônicos dos prédios em Salvador, mas ainda assim, voltando pra casa, de cabeça baixa estressada pela demora do ônibus, já planejando o que irei fazer quando estiver em casa, na prova do dia seguinte, esqueço de olhar pra cima e ver os adornos que nunca tivera reparado antes, mesmo passando ali todos os dias. Hoje, sentada no ônibus tendo a minha janela como fonte minha fonte de inspiração filosófica, me lembrei de olhar para cima. O ônibus estava saindo descendo o Barbalho e subindo a ladeira da Soledade, simplesmente que linda fotografia. Como não havia notado antes?  O desnível dos casarões antigos, o degradê de suas cores em degradação, de suas sacadas imperiais e já corroídas pelo tempo. Imaginei de imediato as lutas de independência do Brasil na Bahia, as roupas e os traços das pessoas daquela época.
(...)

Todos nós somos criaturas emocionais e as nossas percepções e sensações e experiências são carregadas de emoção, de emoção pessoal, logo, esta se codifica na imagem. Porém as vezes, a emoção se separa da imagem. As pessoas que tem esse problema, denominado de Síndrome de Capgras podem deixar de reconhecer  o marido, a esposa, os filhos e passam a acreditar que estão sendo enganados. Desaparecimento do sentimento de ternura e familiaridade. O reconhecimento visual existe, mas não o emocional.
Oliver Sacks
 neurologista,escritor.
Tirado do documentário: Janela da Alma Direção:  João Jardim / Walter Carvalho

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